Mapa do Site

 

Correio UNIFESP

Sobre o Site

 

Nova pagina 1

  visitantes

on-line

Pesquisa no Site Pesquisa na Web
powered by FreeFind

Home

Sobre o Laboratório

 Equipe

 Linhas de Pesquisa

 Publicações (pdf)

 Teses/ Dissertações

 Técnicas Experimentais

                 ( DICAS)

 Imuno (ilustrações)

 Cientistas e Descobertas

 Neurociência no Brasil

 Auxílios Financeiros

 Links Neurociências

 Materiais Didáticos

(Aulas/Tutoriais/Programas)

 Curso de Verão

 Proteção aos Animais

 Informações

       Comunitárias

 

 

  Email

 

pay per click advertising
pay per click advertising Counter

 
 
 
 
 
 
 
 
 

MAL DE ALZHEIMER - S Í N D R O M E      D E    D O W N

Síndrome de Down / Mal de Alzheimer ׀ Genética da Síndrome de Down ׀ Trissômia e alterações pós-natais ׀ Placas senis ׀ Peptídeos Aβ ׀ Emaranhados neurofibrilares ׀ Modelo experimental

           ::   Síndrome de Down / Mal de Alzheimer   ::

Por Thiago Zaqueu de Lima

e Luiz Eugênio Mello

A Síndrome de Down, (SD), é a principal causa de deficiência mental, ocorrendo um caso a cada 500-800 nascimentos registrados (Mikkelsen et al., 1976), consumindo pois, grande montante financeiro no cuidado de pessoas afetadas. Esta estimativa oscila conforme a região, caso aspectos políticos e culturais permitam o Aβorto, e principalmente varia de acordo com a idade da gestante, de modo que o risco de nascimento de um indivíduo com Síndrome de Down é de 18,05 vezes maior em uma mãe de 40 em relação a uma mulher de 20 anos, segundo dados do ECLAMC – Estudo Colaborativo Latino-Americano de Malformações Congênitas (Schwartzman, 1999).

 

As alterações neuroanatômicas apresentadas por um indivíduo adulto com Síndrome de Down afetam hemisférios cerebrais e cerebelares, ponte ventral, corpos mamilares, vermis cerebelar, substância branca parietal, córtex pericalcarino e formações hipocampais, os quais se encontram reduzidos, enquanto o giro para-hipocampal mostra-se maior em indivíduos Down (Raz et al., 1995). Portanto, as alterações neurológicas que acompanham a síndrome são bastante singulares e, apesar de haver grandes semelhanças, elas não se enquadram no padrão habitualmente observado no Mal de Alzheimer, e tão pouco no envelhecimento precoce (desenvolvido durante a síndrome). A redução encefálica em questão não se relaciona com déficits cognitivos. Já o tamanho do giro para-hipocampal correlaciona-se negativamente com medidas de inteligência geral e habilidades lingüísticas.

 

Logo o aumento do giro para-hipocampal aparenta ser um fator preditivo das dificuldades cognitivas de indivíduos com Síndrome de Down. A citoarquitetura cortical está frequentemente irregular na Síndrome de Down, apresentando camadas não definidas com áreas de baixa densidade neuronal, que se contrastam com áreas com grande quantidade de neurônios com elementos celulares de aspecto imaturo.

O prosencéfalo basal (PB), um conjunto de núcleos colinérgicos, destaca-se como uma das principais estruturas alteradas relacionadas com déficits cognitivos apresentados por indivíduos com Síndrome de Down. As projeções do PB estabelecem sinapses com seus alvos corticais e hipocampais em um momento crítico da sinaptogênese dessas áreas. Portanto uma redução dos neurônios colinérgicos do PB, geralmente associada à Síndrome de Down, levaria ao desenvolvimento anormal do hipocampo e do córtex, devido à formação anormal de sinapses (Didier et al., 1995). Isto ocorre, pois tal redução é acompanhada por alterações morfológicas nos neurônios alvos, como redução da densidade sináptica e arborização dendrítica, e também diminuição do tamanho dos corpos celulares de neurônios piramidais (Suetsugu and Mehraein, 1980), (Takashima et al., 1981). Por fim, o estabelecimento de sinapses anormais culmina com o comprometimento de funções corticais, como a cognição.

Ao envelhecer, portadores de Síndrome de Down desenvolvem alterações atróficas, as quais se encontram intensificadas em indivíduos com demência (Wisniewski et al., 1985), (Schapiro et al., 1989). Estas alterações, que acompanham o envelhecimento precoce incluem mineralização do globo pálido e dilatação do terceiro ventrículo e dos ventrículos laterais. Também ocorre acúmulo de placas senis e emaranhados neurofibrilares no córtex cerebral, hipocampo e amígdala, características típicas do mal de Alzheimer. Em suma, indivíduos com Síndrome de Down mostram sinais de parada precoce no desenvolvimento e atrofia, alterações possivelmente relacionadas a uma parada da neurogênese no período pré-natal, afetando particularmente a camada granular; uma parada na sinaptogênese ocorrendo nos períodos pré e pós-natais; e envelhecimento precoce, acompanhados pela formação de placas senis e emaranhados neurofibrilares (de frequência 205% a 305% maior na população Down) (Wisniewski, 1990).

A ocorrência do Mal Alzheimer (MA) em indivíduos com síndrome de Down é quase inevitável, pois quase todos os trissômicos acima de 40 anos apresentam evidências neuropatológicas do Mal de Alzheimer. Contudo, nem todos desenvolvem os sintomas do mal de Alzheimer (Schapiro et al., 1988),  (Khachaturian, 1985). Essas alterações típicas do Mal de Alzheimer surgem em indivíduos com Síndrome de Down já aos 30 anos, porém o quadro clínico torna-se evidente (diagnosticável) somente ao redor dos 60 anos. Visto que exames clínicos para diagnosticar o Mal de Alzheimer estAβeleceram-se a partir do padrão da população normal, a demência poderia surgir antes e não ser diagnosticada.

Na verdade, a demência mais freqüente na Síndrome de Down assemelha-se tanto com o Mal de Alzheimer, que é diagnosticado como uma doença à parte da síndrome. Entretanto, o Alzheimer, aparentemente, não se origina, a partir de determinado período da vida de um trissômico, mas sim que as alterações histológicas semelhantes às encontradas no Mal de Alzheimer surgem durante a vida do indivíduo Down, culminado na manifestação de demência em uma idade mais avançada. Esta idéia é reforçada por genes importantes para a patogenicidade da doença de Alzheimer localizarem-se no cromossomo 21, incluindo o gene da proteína precursor de peptídeo amilóide, APP. Portanto, indivíduos trissômicos apresentam maiores níveis de APP sérico e neural em relação tanto a pessoas normais como doentes de Alzheimer. O quadro clínico demencial surgiria apenas em idade mais avançada, ao redor dos 60 anos, devido a mecanismos compensatórios do sistema nervoso central, que tamponariam os efeitos das alterações neuropatológicas, tornarem-se progressivamente mais ineficientes (Wisniewski and Rabe, 1986) (uma vez que Síndrome de Down acarreta a diminuição da densidade sináptica), com o envelhecimento precoce.

(voltar)

           Þ Genética da Síndrome de Down:

Cerca de 95% dos casos de síndrome de Down constituem trissomia livre, na qual o cromossomo 21 em excesso resulta da não disjunção meiótica durante a formação dos gametas, culminando no desenvolvimento de um embrião trissômico. Do total de casos de trissomia livre, 95% são causados pela não disjunção dos cromossomos na meiose materna sendo que 80%, destes ocorrem durante a meiose I (Antonarakis, 1991), enquanto a não disjunção masculina contribui com os 5% restantes (Petersen et al., 1993). Cerca de 3% dos casos de trissomia livre corresponde a mosaicos, ou seja, duas linhagens celulares no cariótipo: uma normal e outra trissômica. Por fim, os 5% restante dos casos de síndrome de Down decorre de translocações cromossômicas Robertsonianas.

(voltar)

           Þ Desenvolvimento de Embrião Trissômico e Alterações Pós-natais

                                                      da Síndrome de Down:

O feto com Síndrome de Down desenvolve-se normalmente até a 22ª semana aproximadamente, período em que o encéfalo ainda não apresenta alterações significativas no crescimento e maturação (Schmidt-Sidor et al., 1990), (Brooksbank et al., 1989). Ao nascimento, o cerebelo e tronco encefálico encontram-se particularmente reduzidos e o peso encefálico situa-se em faixas inferiores de normalidade (Wisniewski, 1990). Há algumas evidências, de que no último trimestre de gestação, ocorra uma lentificação no processo de neurogênese., de modo que, indivíduos com síndrome de Down já nascem com 10% a 50% de redução no peso encefálico em relação a crianças não-Down e essa diferença torna-se mais evidente com o passar do tempo

Ao nascimento, portadores de síndrome de Down apresentam redução no número de neurônios granulares (associativos) das camadas II e IV (Wisniewski, 1990). Apesar de neonatos Down possuírem arborização dendrítica mais desenvolvida em relação a crianças não-Down (Becker et al., 1986), essas ramificações tornam-se menores e em número bastante reduzido por volta dos dois anos de idade (Wisniewski, 1990). Do mesmo modo, os espinhos dos dendritos encontram-se diminuídos em tamanho e quantidade (Marin-Padilla, 1976), (Suetsugu and Mehraein, 1980).

Outras alterações importantes encontradas foram a diminuição da densidade sináptica, a qual, por exemplo, encontra-se reduzida de 10% a 29% no córtex visual (Wisniewski, 1995);  alteração do comprimento pré e pós-sináptico, que persistem durante o desenvolvimento pós-natal do encéfalo; diminuição da área média por contato sináptico, a qual aparenta ser 20% a 30% menor em trissômicos; e anomalias morfológicas das sinapses identificadas na 40ª semana gestacional (Petit et al., 1984).

Também foram descritas anomalias nas propriedades elétricas de membrana celular dos neurônios de indivíduos com Síndrome de Down: diminuição da freqüência de potenciais de ação após hiperpolarização e limiar de excitAβilidade diminuído (Scott et al., 1981), (Epstein et al., 1985).

Enfim, as alterações mais relevantes ocorrem na segunda metade da gestação. Contudo, esses eventos são menos importantes no desenvolvimento dos sintomas da síndrome que alterações pós-natais, uma vez que estas comprometem mais o crescimento e estrutura de redes neuronais.

Por volta do terceiro ao sexto mês de vida pós-natal, ocorre uma desaceleração no crescimento encefálico (Wisniewski, 1990), a qual é mais dramática em meninas e é causada, em ambos os sexos, pela diminuição do lobo frontal, seguida pela redução do lobo occipital, cerebelo e tronco encefálico. Essa desaceleração é responsável pelo peso encefálico de 69% dos indivíduos Down situarem-se Aβaixo da normalidade (Wisniewski, 1990).

(voltar)

           Þ Tipos e Origens de Placas Senis:

Um fator contribuinte para o surgimento da demência seria o aparecimento de placas fibrilares de peptídeo amilóide. Estas se desenvolvem mais tardiamente que placas não fibrilares, que, por sua vez, são encontradas precocemente em indivíduos com Síndrome de Down já aos 16 anos (Wisniewski, 1996). As placas não fibrilares são formadas primeiramente pelos neurônios e não se relacionam com o quadro demencial. Por outro lado, as placas fibrilares, ou neuríticas, são formadas por micróglias e células perivasculares (Wisniewski and Wegiel, 1995). Contudo, as placas neuríticas, cuja quantidade significante é atingida somente acima dos 50 anos, não seriam as únicas determinantes do Mal de Alzheimer, pois, caso contrário, não haveria Mal de Alzheimer em indivíduos com síndrome de Down Abaixo dessa faixa etária.

(voltar)

           Þ Alguns Possíveis Mecanismos de Patogenia dos peptídeos Aβ

                                intracelulares e presentes nas placas senis:

 O Aβ é composto por 39 a 43 aminoácidos, sendo os peptídeos mais extensos mais propensos a agregarem em placas insolúveis. Deste modo, a neurotoxicidade do Aβ dependerá de sua localização, assim como da composição e do estado de agregação.

Polimorfismos próximos ao domínio C-terminal da APP levariam a produção de Aβ mais longos (Suzuki et al., 1994). Os peptídeos de 42 aminoácidos são mais tóxicos, pois quando solúveis, causam mais danos comparados aos menores, por meio de vias de sinalizações intracelulares. E os peptídeos insolúveis apresentam maior potencial de se agregarem, sendo portanto, mais neurotóxicos.(Zhang et al., 2002)

A quantidade de Aβ presente no encéfalo depende da sua ligação com proteínas do sangue, de modo que a administração de fatores com grande afinidade com o peptídeo é capaz de diminuir seu nível encefálico. Contudo, no portador do Mal de Alzheimer, o próprio Aβ aumenta a permeAβilidade vascular, resultando em acúmulo do peptídeo (Bergamaschini et al., 2004).

Os Aβ presentes nas placas senis interagem com uma grande variedade de receptores e fosfolipídios presentes na superfície celular, como também formam canais iônicos na membrana celular, comprometendo sua integridade (Perini et al., 2002). Deste modo, torna-se difícil a formação de um consenso sobre o local de ação do Aβ responsável por sua neurotoxicidade e, até mesmo, seus efeitos sobre esta grande diversidade de alvos. O p75, um membro da família de receptores de fatores de necrose tumoral, exemplifica essa intrigante diversidade: ele interage com o peptídeo, protegendo os neurônios da toxicidade induzida pelo Aβ de maneira dependente de fosfatidil inositol 3 cinase (PI3K) (Zhang et al., 2003),em quanto em outras condições ativa vias de morte neuronal.

Apesar de não se conhecer o local específico de ação neurotóxica do Aβ, muitos de seus mecanismos patológicos já foram estAβelecidos. O peptídeo pode afetar o sistema nervos central diretamente por meio de uma somatória de mecanismos, que sensibilizem os neurônios até levá-los morte; ou indiretamente, por ativar o sistema imunológico, cuja atividade prolongada e demasiada resulta em dano neuronal. A atividade pró-inflamatória do Aβ é exercida por domínios específicos capazes de ativar astrócitos e micróglias, aumentar a expressão de citosinas e proteínas de fase aguda, e também ativar o sistema complemento (Bergamaschini et al., 2004), (Perini et al., 2002).

O Aβ pode se acumular no meio intracelular, devido à insuficiência de mecanismos responsáveis pela remoção de proteínas acumuladas no retículo endoplasmático (Siman et al., 2001). Esta sobrecarga resulta em estresse do retículo, comprometendo a homeostase do Ca2+, resultando em um aumento na sua liberação citosólica, o que acAβa por ativar calpains (família de caspases sensíveis ao Cálcio) e caspase-12, uma cisteino-protease aderida ao retículo endoplasmático fundamental para a morte neuronal induzida por Aβ  (Nakagawa et al., 2000).

A elevação do cálcio intracelular pode sensibilizar o neurônio a morte, por potencializar vias apoptóticas induzidas por lesão do DNA, fenômeno presente no progredir do envelhecimento e mais evidente no Mal de Alzheimer. Essa indução se deve ao acionamento de vias apoptóticas pela p53. Para isso, O Ca2+ citosólico em excesso acAβa por potencializar a ação da p53, que induz direta e indiretamente a liberação de citocromo c e aumento na produção de radicais livres (Chan et al., 2002). Por fim, o citocromo c ativa caspase-9, que amplifica a cascata até a ativação de caspases efetoras. O efeito do envelhecimento sobre o DNA pode apresentar maior relevância em neurônios comparados a outras células, pois os mecanismos de reparo são menos eficientes que os presentes em células submetidas à mitose.

A ativação de calpains pelo Ca2+ citoplasmático pode também clivar p35 em p25, o qual ativa CDK5 (uma cinase controladora do ciclo celular), cuja atividade excessiva culmina na degradação de proteínas do citoesqueleto, resultando em neurodegeneração (Patrick et al., 1999).

Alternativamente, a APP pode ser processada pela a-secretase, originando um extenso segmento solúvel (a-APP) e outro fragmento mais reduzido (C83), desprovido de toda sequência de aminoácidos constituintes do Aβ (Kimberly et al., 2001). Portanto este não é amiloidogênico. Acredita-se que a aAPP seja estimulada principalmente por receptores muscarínicos, assim como fatores de crescimento, citosinas e neurotransmissores; e atue como fator neurotrófico ativando o crescimento de projeções neuronais.

Os fragmentos transmembrânicos remanescentes da proteólise exercida pela a-secretase (C83, C89 e C99) são capazes de formar complexos com a proteína adaptadora Fe65 e TIP60, uma histona acetiltransferase, e estAβilizá-los. Esse complexo, então, se transloca para o núcleo onde facilita o acesso a genes alvos (Cao and Sudhof, 2001). Enfim, os domínios intracelulares da APP participam de vias de sinalização intracelular, cujo efeito mais intrigante acAβa por promover ação anti-apoptótica (Nishimura et al., 2003).

Deste modo, a produção de Aβ poderia ser apenas conseqüência de algum fator neurotóxico, que levaria as células a expressarem demasiadamente APP na tentativa de sobreviver ao estresse, culminando com a sobrecarga de Aβ, o qual, sob este enfoque, seria apenas um agravante do Mal de Alzheimer e não o elemento patogênico da doença.

(voltar)

           Þ Formação dos Emaranhados Neurofibrilares x Alzheimer

No Mal de Alzheimer e em outras patologias, observa-se uma retração e deformação de projeções neuronais causadas pelo desequilíbrio dos microtúbulos. Pacientes portadores do Mal de Alzheimer apresentam a proteína TAU hiperfosforilada que se agregam em filamentos formando emaranhados neurofibrilares. A TAU hiperfosforilada apresenta menor taxa de turnover e degradação mais lenta, favorecendo seu acúmulo. A fosforilação excessiva da TAU causa o seqüestro de outras proteínas ainda ativa na formação dos filamentos. A inativação da TAU acAβa por destruir os “trilhos” de microtúbulos e, com isso, impede o transporte anterógrado de neurotransmissores, vesículas e outras proteínas para os terminais sinápticos, assim como o transporte retrógrado de fatores tróficos para o corpo celular, resultando em degeneração sináptica e morte neuronal (Alvarez et al., 2002).

(voltar)

           Þ Desenvolvimento de um Modelo de Sídrome de Down

(em construção)

     
 

Status

Copyright©  1994 - 2008, Universidade Federal de São Paulo